Entulho na Construção Civil de Balneário Camboriú !!!
Muralhas de ferro e concreto compõem a paisagem no Litoral. As obras dos arranha-céus trazem consigo montes de entulhos e um problema: o que fazer com ele. Embora existam leis federais que obriguem os municípios a controlar o despejo do refugo da construção civil, a questão ainda não tem sido levada a sério. Como resultado, os restos de obras vão parar em depósitos inadequados e transformam-se em risco para o meio ambiente e a saúde pública.
No Litoral, é comum o despejo clandestino em terrenos próximos a rios ou córregos. Quando chove, o material é carregado para dentro da água, provocando o assoreamento do leito e favorecendo enchentes. Prova disso é que, restos de construção predominam entre as 30 toneladas de entulhos retiradas todos os dias por dragas do canal de acesso ao complexo portuário de Itajaí.
O problema também é grave quando o material é depositado em terrenos baldios. Nesse caso, vira moradia de ratos, baratas e cobras. Outra situação que preocupa é que parte do entulho é composta por materiais tóxicos. É o caso das tintas e solventes, que despejados na água, provocam a morte de peixes e colocam em risco a saúde humana.
– Estamos diante de um grave problema, não só ambiental, mas também de saúde. Hoje 99,9% dos municípios catarinenses não têm controle do despejo do entulho proveniente da construção civil – diz o professor da Univali Alexandre de Ávila Lerípio, que é doutor em Engenharia de Produção.
Em Balneário Camboriú, onde só no ano passado foram erguidos 1,3 milhão de metros quadrados, os construtores começam a perceber no refugo das obras uma fonte de economia. Em 2008, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon) levantou que a quantidade de entulho nas obras do município chegava a 400 toneladas por mês.
Material depositado em terrenos baldios se transforma em moradia para ratos, baratas e cobras (Foto: Marcos Porto)
Lei municipal obriga à reciclagem
Na época, a prefeitura começava a colocar em prática a lei municipal que obriga à reciclagem. A regulamentação surgiu após uma investigação do Ministério Público, que culminou com a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC).
Agora, não se perde mais nada. Restos de ferro são vendidos para empresas que reaproveitam o material. A madeira vai para olarias ou hotéis que trabalham com caldeiras. O que sobra de concreto é peneirado e os pedaços grandes são encaminhados para uma usina de reciclagem, em Camboriú. Grãos mais finos são reaproveitados na própria obra, como substitutos da areia. O material é tão bom quanto o comprado nas lojas especializadas, garante o presidente do Sinduscon, Carlos Haacke:
– A areia que cai no chão, durante a execução da obra, continua sendo areia. A contaminação, se acontece, é só com cimento, então não há problema em reaproveitar.
A opinião de Haacke é compartilhada por Lerípio. Ele explica que o material só não é recomendável para estruturas de sustentação, como vigas e fundações. Mas pode ser usado, por exemplo, como base de pavimentação.
TAMANHO DA OBRA DEFINE O TIPO DE TRATAMENTO
Lei Municipal 2508/2005
– Os resíduos da construção civil gerados em Balneário Camboriú, deverão ser destinados à reutilização, reciclagem, reserva ou destinação adequada
– Não poderão ser dispostos em aterros sanitários e controlados, em lixões, em áreas de bota-fora, encostas, corpos d`água, lotes vagos, em passeios, vias e demais áreas públicas
– Deverão ser desenvolvidos, fomentados e implantados programas de incentivo a redução, reutilização, reaproveitamento e reciclagem, de caráter social, educacional, ambiental e outras medidas correlatas
– Os geradores de resíduos da construção civil são os responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições
Por Dagmara Spautz, Jornal de Santa Catarina - Fonte: clicRBS Itajaí